Ao ler este artigo de opinião, já saberá que o referendo grego saldou-se pela vitória do “não”, com cerca de 60% dos votos. Gostaria de deixar a minha opinião – como muitos farão até à exaustão nos próximos dias.
O “não” ganhou. Que outros “nãos” encerra o imbróglio grego? Vejamos:
Não, a questão grega não é uma questão grega, é uma questão europeia.
Não, a questão grega não é uma questão política. É uma questão de boa vizinhança, confiança no outro, princípios e valores.
Não, a Grécia não disse não à Europa, disse não à forma – que não compreende – como a dívida aos credores está a ser negociada. E ninguém ajudou nos esclarecimentos.
Não, Tsipras não saiu do referendo com maior poder negocial. Saiu do referendo com uma imagem que alguns estados europeus detestarão ainda mais. A seu tempo, quando a Europa “não estiver a ver”, reagirão com violência contra o Primeiro Ministro, o Ministro das Finanças e, por tabela, o povo grego.
Não, o povo grego não ganhou nada. Caso tivesse ganho o “sim”, continuaria a não ganhar nada na mesma.
Não, a Europa não vai assobiar para o lado: vai ter de ajudar a Grécia, antes que esta se transforme noutra Ucrânia.
Não, a Grécia não vai voltar ao Dracma – porque a Europa não vai deixar. Isso fragilizaria o Euro, e para o fragilizar já temos as agências de rating norte-americanas. E os gregos também não vão deixar, acreditem.
Não, a vitória do “Não” não significa que, de repente, uma solução ou acordo caiu do céu.
Não, os gregos certamente não souberam – exactamente – no que é que votaram. Se olhar para a “pergunta” do referendo, vai perceber que o povo grego deve ter-se visto grego para tirar alguma conclusão: “Deve o acordo proposto a 25.06.2015 pela Comissão Europeia, FMI e Eurogrupo, que consiste de duas partes que constituem a proposta unificada, ser aceite? O primeiro documento é intitulado “Reformas para a conclusão do actual programa e sua continuação” e o segundo “Análise preliminar de sustentabilidade da dívida“.
Não, o “sim” não iria ganhar porque praticamente estava condenado à derrota. Qual o ser humano que, após passar a noite na fila do Multibanco, vai dizer que sim quando lhe perguntam… se quer que lhe deem mais cacetada no corpo e na carteira? Por esse prisma, espanta-me que o “não” não tenha ganho com 100% dos votos.
Não, Portugal e o mundo não ganharam nada com isto. O pior ainda está para vir.
Francisco Teixeira
O melhor está para vir…para o Mundo.
A atitude da Grécia teve um impacto psicológico enorme em cada cidadão, principalmente nos mais frágeis. Renova a esperança de que o “POVO unido jamais será vencido.”
A utopia ilumina-se e renova as forças das gerações vindouras. Nunguém consegue ser feliz na humilhante condição de subjugado.