Quando foi a última vez que disse, que algo era realmente valioso para si?
Transversal a todos os sectores da sociedade, há séculos que o valor de tudo anda a diminuir, com especial incidência nos últimos anos. E isso é grave, pois o valor das coisas e das gentes é o principal motor do progresso e de sentido para a humanidade. Sem valor, não há diferenciação: tudo é plano, difuso e depressivo.
Há diversas causas para que o valor das coisas diminua. Do ponto de vista da Economia, da Gestão e do Marketing, este é um motivo de preocupação gigantesco. Proporcionar valor aos clientes deveria ser um dos maiores desígnios de qualquer empresa – senão o único, pois todos os outros derivam desse.
- Quanto mais acesso temos a produtos, processos, serviços ou informação, mais democrático fica o consumo. Mas esses mesmos elementos perdem o seu valor diferenciador.
- Criar em massa também retira valor. O tradicional, o “feito à mão”, “o feito sob medida”, a autenticidade, o rústico ou o tosco irão regressar em força.
- O dinheiro, enquanto meio universal de tradução de valor, retira valor às coisas. Isto porque as empresas centram a sua actividade na maximização do valor monetário para si próprias – mas não na maximização da noção de valor para os clientes.
- A falta de tangibilidade e visibilidade, diminuem o valor. É por isso que para andarmos em casa vestimos simples, mas em situações de exposição social temos maior atenção à indumentária. O mesmo se passa com o dinheiro de plástico (ex: cartão de crédito), as facilidades de crédito ou o “pague daqui a 3 meses”. Se não tivermos contacto com o dinheiro que gastamos, ele parece-nos mais “barato”.
- A cópia e a artificialidade, diminuem o valor dos produtos. Transformam bens preciosos em commodities, e desincentivam à criação de valor intelectual.
- A impessoalidade, retira valor. As máquinas que substituem as pessoas para atender chamadas, as empresas sem balcões físicos, os self-service.
- A falta de confiança retira valor. Por isso as bolsas penalizam empresas fraudulentas, ou não repetimos negócio com quem nos enganou.
- O excesso de informação diminui o valor. Primeiro porque a torna vulgar; segundo porque já toda a gente “viu tudo”. Se não conseguirmos maravilhar os clientes com aquilo que é novo, perdemos uma vantagem competitiva fundamental.
- A personalização excessiva retira valor. Por outras palavras: aumenta o valor para o indivíduo e pequenos grupos com gostos similares, mas ao pulverizar esse valor por unidades menores, está a diminuir o interesse global, o que serve de cola à sociedade. Ouvirmos a nossa playlist, vermos os nossos canais no Youtube, jogarmos os nossos jogos ou outras tarefas de fácil personalização, são actividades legítimas. Mas fazê-lo constantemente, sem no mínimo ver o Jornal das 8h, é uma alienação. Tem de haver um mínimo de contacto com o comum, o transversal social.
- As grandes plataformas da internet (do tipo “Faça você mesmo”) retiram valor. As plataformas de design que tornam qualquer um em designer profissional; a internet sem código; o editor de imagem super simples e outros milhares de plataformas, estão a esvaziar o valor de outrora reputados designers, fotógrafos, jornalistas, programadores e muitos mais. Mas esse esvaziamento é pouco visível, logo tem pouco valor aos nossos olhos.
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fotografia: iStockPhoto
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Francisco. Tem toda a razão. De facto, o “valor” sofre de vários fenómenos que as empresas e os consumidores têm muita dificuldade em compreender. Para lançar alguma luz, ou não, sobre o tema do valor tangível (de uso e económico) e intangível (cultural e de percepção) no produtos, aconselho o seguinte artigo:
http://www.scienpress.com/journal_focus.asp?main_id=55&Sub_id=IV&Issue=182
Manuel, obrigado pelas palavras.
Curiosamente, já tinha feito o download deste artigo há uns tempos. Não sabia que era seu.
Muito bom!
Recomendo vivamente a leitura.